'Sementes da Paixão' germinam na pior seca dos últimos 40 anos na PB
Grãos são mais resistentes e de tradição mantida há décadas.
Comunidades rejeitam milho oferecido pelo poder público.
Pequenas comunidades de até 300 agricultores na Paraíba estão sobrevivendo durante a seca graças às 'Sementes da Paixão', nome dado aos grãos resistentes de milho, feijão e outros alimentos que germinam mesmo durante a pior estiagem dos últimos 40 anos na região. São 6,5 mil famílias rurais em 61 municípios no Agreste, Cariri e Sertão do estado que mantêm, há décadas, esta prática, sendo nos últimos anos auxiliadas por organizações não-governamentais e associações de apoio ao desenvolvimento da agricultura local.
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Na região da Borborema, há pelo menos 57 bancos de 'Sementes da Paixão'. Nas demais regiões da Paraíba, há mais de 230 bancos de grãos resistentes à estiagem, catalogados pela Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA) Agricultura Familiar e Agroecologias. "O grão é a semente com a finalidade para alimentação animal, humana ou comércio. Tecnicamente, a semente serve para a propagação da cultura", explica o agrônomo Emanoel Dias, assessor técnico da AS-PTA.
A relação dos agricultores paraibanos com o meio ambiente levou a fotógrafa paulista Fernanda Rappa a pesquisar o tema através de um projeto contemplado pelo Prêmio Brasil de Fotografia. "Eu soube das Sementes da Paixão através de amigos que documentaram isso para o Rio+20. Comecei a pesquisar a história porque achei genial que, no meio da Paraíba, existisse uma consciência ambiental protegendo as comunidades das sementes transgênicas que são super prejudiciais ao mundo, ao meu ver. É um modelo a ser seguido e é bonito demais de ver no meio daquela seca, do deserto, uma plantação de coentro verdinha. Parece um sonho", explica.
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